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Como pintar as unhas

     
     Numa certa manhã, uma certa dona de casa estava de férias e decidiu pintar as unhas. Parece uma tarefa fácil, porém, há alguns pequenos empecilhos entre as unhas da dona de casa e o esmalte rosa orquídea que ela tanto queria usar.
     Para começar, ela se levantou às sete horas da manhã e foi ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes, mas antes que ela terminasse, sua bebê de dois anos acordou chorando. Então ela foi ao quarto, pegou a criança e foi cuidar da higiene e alimentação da pequena.
     Por volta das oito e meia, depois de correr um pouco pela sala atrás da pequena sapeca para dar banho, a criança estava limpa, vestida, cabelos penteados e alimentada. Então ela foi cuidar da casa. Fez as camas, catou os brinquedos espalhados por toda a casa, varreu o chão, limpou os móveis, catou as roupas da corda e pôs outras roupas na máquina. Terminou essa fase às dez horas e quinze minutos. Hora de preparar o almoço.
     Descascar verduras, tratar e temperar carne, cozinhar massa e fazer um pouco de suco levou quase duas horas, tendo em vista que ela parou algumas vezes para retirar a criança de cima da mesa ou tomar alguns objetos que não deveriam estar naquelas mãos pequenas e traquinas, tais como controles remotos, livros, dvds, celulares ou talheres.
     Ao meio dia a comida estava pronta e servida. A manhã passara sem que o esmalte saísse do seu cantinho no armário. De qualquer forma, com a criança acordada, pintar as unhas seria, no mínimo, imprudente. Logo a criança dormiria e, nessa ocasião, as unhas seriam pintadas.
    Ela pôs a criança sentada e levou cerca de quarenta minutos para fazê-la comer, entre gritos nervosos e piruetas de aviõezinhos nutritivos querendo pousar no pequeno aeroporto que se recusava a ficar aberto por muito tempo. Depois de algumas cuspidas e respingos de salada espalhada pela mesa e de ter comido cerca de 70% da comida, a criança começou seu, já conhecido, choro de sono; chato e constante. Com paciência, a mãe a pegou no colo, pôs sua milagrosa chupeta na boca e deitou com ela na cama até que adormecesse.
     Mesmo sonolenta, a mulher levantou-se da cama. Estava decidida a pintar a droga das unhas. No entanto, ainda era necessário lavar os pratos, limpar a cozinha e a mesa onde comeram.
     Era uma e vinte da tarde quando ela terminou e recebeu uma ligação do marido, queixando-se do cansaço no trabalho e desejando trocar de lugar com ela, que estava em casa descansando, de férias, segundo ele. Ela desejou profundamente estar no lugar dele também. Poder almoçar sem ter feito o almoço. Escolher entre aquela variedade de comida sem ter feito absolutamente nada. E depois comer, deixar lá os pratos, copos e talheres sujos, sem falar nos utensílios usados no preparo dos alimentos ou na cozinha onde tudo foi feito. É... trabalhar fora tem suas vantagens...
     Depois de toda a baboseira inútil que o marido disse sobre trabalho,  ela finalmente achou que poderia pintar as unhas. Ledo engano. Ao ir ao banheiro, percebeu que o mesmo precisava de uma boa lavada. E pintar as unhas para lavar o banheiro depois não era uma boa ideia.
    Já passava das três da tarde quando o banheiro estava impecavelmente limpo. Então, ela dirigiu-se ao armário onde o esmalte a esperava. Seus dedos quase tocaram o vidro quando, com um susto, ela se virou ao ouvir um alto e sonoro “mamãe!”.
     Ainda tinha a roupa para estender, as que já haviam sido recolhidas precisavam ser guardadas, outras passadas, e a criança já estava acordada. Já será noite quando a pequena dormir novamente. Pintar as unhas naquele dia já estava fora de cogitação.

      Detalhe importante: Quando ela retornar ao trabalho continuará fazendo todo esse trabalho doméstico. Como ela consegue? Nem ela sabe!



À todas as mulheres que todos os dias tentam pintar as unhas, meus parabéns e força!

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