Mais uma vez peço licença para usar o etc que consta no nome do blog para fugir um pouco dos temas principais, mas esse texto vale a pena ler.
Intolerância religiosa: uma reflexão
Ultimamente, como acontece de tempos
em tempos, a questão da intolerância religiosa tornou-se assunto recorrente em
nosso dia-a-dia. Alguns tristes acontecimentos causados pela intolerância
religiosa e as discussões acaloradas sobre o tema me levaram a escrever este
texto.
A meu ver, o problema das “igrejas” –
e isso vale para todas as religiões que fazem cultos, sermões, missas... – está
na falta de uma certa democracia. As pessoas vão aos locais onde exercitam a
sua fé e apenas ouvem, escutam. Não há uma interação, uma discussão do
que está sendo dito. O líder espiritual apenas fala e as pessoas apenas escutam. Uns
concordam, outros discordam, mas todos se calam, ninguém discute sobre o que
foi dito.
O líder espiritual, seja ele pastor,
bispo ou padre, não é deus e nem é perfeito. Ele é um ser humano que está ali
cheio de suas próprias convicções, valores morais, motivações e ideais. Logo, é
dirá o que pensa ser o correto para todos, dirá a sua verdade, ainda que passível de erros e equívocos.
Mas, afinal, o que motiva alguém a buscar
uma religião? Rezar, se reza em qualquer lugar; ler a bíblia se lê em qualquer
lugar e para entender o de onde viemos e para onde vamos tem explicações de sobra de
acordo com credos e ideologias diferentes presentes em diversos locais para além
dos espaços religiosos. Acredito que quem vai à igreja (ou qualquer outro espaço
religioso) busca uma orientação, uma palavra de consolo ou mesmo ser acolhido por
algo que acredita ser maior ou mais poderoso. Mas será que quem está ali para
receber esse alguém está, de fato, preparado para isso?
Acredito que muitas instituições religiosas deveriam repensar a forma
como lidam com seus adeptos, buscando com que eles também façam parte da construção
da própria fé e da busca por tornarem-se seres humanos melhores. Afinal, na minha
humilde opinião, o maior objetivo de todas as religiões deve ser a de fazer do ser
humano alguém melhor, buscando uma evolução contínua. Procurando dar mais do
que receber, respeitar mais o outro, amar mais e compreender mais.
Sociedade perfeita não existe, mas
uma sociedade ideal, onde as pessoas se respeitam, se cuidam e cuidam do meio
em que vivem é perfeitamente possível. Para isso, basta que busquemos nossa
melhora como seres humanos, nossa evolução moral, espiritual e intelectual.
Afinal, não era isso que Cristo pregava: paz, amor e respeito?
Fico muito feliz por perceber que
existem líderes espirituais como o Papa Francisco, por exemplo, que trata de assuntos que
não se referem apenas à fé. Ele nos faz refletir sobre nós mesmos, sobre a
intolerância e trata de questões importantíssimas sobre as quais não devemos
deixar de discutir e sobre as quais temos o dever de agir. Por que a religião
não pode discutir questões políticas ou sociais, se a melhoria da sociedade
perpassa por essas questões?
Se a religião tem um poder tão grande
de unir, convocar e incitar certos atos, porque não usar esse “poder” para algo
melhor e maior? Algo que beneficiará as sociedades, os países ou o mundo?
Já passou da hora de nos
respeitarmos. Passou da hora de muita gente parar de achar que só a sua
religião é legítima e verdadeira; de achar que todos devem ter uma religião ou
de achar que todos devem acreditar em deus. Tem gente que não acredita em deus,
não tem religião e não desrespeita a religião de ninguém. Essas pessoas devem
ser respeitadas. Devem ter o direito de acreditar no que quiserem ou de não
acreditar em nada. O que não deve existir é a falta de respeito e a agressão pelo fato de não se acreditar na mesma coisa. Inclusive porque, se formos por esse caminho,
vamos nos agredir indefinidamente porque cada um de nós é único. Não existe um
ser humano que tenha a mesma formação moral e religiosa, a mesma história de
vida, o mesmo modo de ver o mundo e as mesmas convicções de outro ser humano.
Diferenças e divergências nós teremos sempre. A questão é o que fazemos com
essas divergências, como lidamos com elas.
Nenhum ser humano é perfeito. Somos diferentes
por natureza e iguais perante a lei em direitos e obrigações. Somos imperfeitos
e diferentes, mas dividimos o mesmo planetinha que faz parte de uma galáxia
dentre milhões de outras tantas e não temos conhecimentos sobre tantas e tantas
coisas que nos são incompreensíveis, então porque querer ser dono de uma
verdade que não tem validade para todos? Vamos refletir mais!
Fica o convite...
Fica o convite...
Aline Vitória em 20.06.2015
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