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Minha opinião sobre o assunto

Extraído do site G1.globo.com:
O coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA buscar) atribuiu aos alunos a responsabilidade pela nota baixa que o curso atingiu no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2007. O curso integra a lista de 17 instituições do país que serão supervisionadas pelo Ministério da Educação (MEC). Na opinião do coordenador, o professor Antonio Natalino Manta Dantas, o resultado ruim é por causa do "baixo QI [quociente de inteligência] dos alunos".

Em entrevista ao jornal 'Folha de S.Paulo' desta quarta-feira (30), Dantas, que é baiano, disse também que "O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria".

Procurado pelo G1, o coordenador reafirmou as declarações sobre o desempenho dos estudantes. "O QI dos alunos de medicina é baixo sim. Como vou dizer que eles têm QI alto se eles foram mal em uma prova que o resto do Brasil foi bem? Que eu saiba, não houve boicote à prova do Enade. Então eles [os alunos] mesmos se submeteram à vergonha nacional", diz o professor Dantas.

Minha oponião:

Todos sabemos que a Bahia tem os mais altos índices de analfabetismo do país e que somos mais ligador às raizes e à cultura que outros estados. E sabemos também que baixo QI e falta de investimento em educação são coisas completamente diferentes.
A Bahia é o estado que menos investe em educação e um dos que paga os piores salárioas aos seus professores. Sabemos também que é o estado mais negro do país e conhecemos a história dos negros em nosso país e seu legado cultural e social. O cultural é muito rico e beneficia, não só a Bahia, mas todo o Brasil. Mas o social é triste e vergonhoso. O negro, depois de liberto, não teve acesso à educação, assim como muitos dos seus descendentes e até hoje sofre com o preconceito e a falta de oportunidades. Seria aqui repetitiva e cansativa se relatasse todo o processo histórico que deixou os negro e afrodescendentes de hoje na situação em que estão.
No entanto, as colocações do Coordenador Antonio Natalino são ridículas. Eu, por exemplo, sou baiana, tenho muitos talentos, nível superior completo em Letras, pós-graduação incompleta (pela UFBA) e não sei tocar berimbau. Manipular, tocar instrumentos musicais para mim é mais questão de talento que de inteligência. Conheço matemáticos que resolvem equações muito complexas, mas não têm o menor talento com o berimbau .
É verdade que o baiano gosta mais de pagode que de um bom livro. Acredito, pelo que vejo e ouço, que a maioria prefere ver um DVD de Ivete ou de "arrocha" a ler um conto de Machado de Assis, mas isso não é questão de QI, mas sim de preferências. O que é uma pena, porque a leitura faz muito bem ao homem. Mas nessa questão, o baiano está "de mãos dadas" com muitos brasileiros, já que aqui não temos o costume de ler, o hábito saudável da leitura. Pude comprovar isso nos quatro anos que lecionei nas rede particular e pública de ensino.
Acredito que o problema da UFBA seja outro e que ele, enquanto coordenador do curso, não queira admitir possíveis falhas. No entanto, suas colocações infelizes não nos afetam. A mim, como baiana em particular, não afetou. Sei muito bem quem sou e sei que não tenho limitações porque sou um ser humano "normal". Gosto muito da minha terra, sei das dificuldades da vida dos baianos e sei que tudo poderia estar muito melhor, tanto na Educação quanto na Saúde, mas infelizmente, nossos governantes tem interesses diferentes dos da maioria da população baiana.
Aqui findo meu texto, esperando que casos como esse não venham a se repetir e agradecendo aos meus antepassados negros pela feijoada, pelo acarajé e tantas outras coisas que nos delicia e pelo berimbau e capoeira que nos proporciona momentos de alegria e atrai pessoas do mundo inteiro para conhecer essa rica cultura.

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