Minha crítica de "Menina de ouro"

“Menina de Ouro” (Título original: Million Dollar Baby)

O dinamismo do roteiro unido ao talento indiscutível dos atores e da magnífica direção de Clint Eastewood fizeram de Menina de Ouro um filme merecedor de todos os oscar que ganhou: melhor filme, melhor diretor (Clint), melhor atriz (Hillary Swank) e melhor ator coadjuvante (Morgan Freeman)।O filme conta a história de três personagens principais, com enfoque maior para o solitário treinador de boxeadores Frank Dunn, interpretado pelo próprio Eastwood, que se depara com uma garota de origem humilde, obstinada por se tornar uma boxeadora।Os conflitos familiares da moça e do treinador levam o público a refletir sobre profundas questões da natureza humana। A crueldade da família de ambos e a forma como eles se desperdiçam tentando melhorar as suas relações familiares nos causa uma sensação de angústia e desesperança, mas nos leva a refletir sobre a forma como nos relacionamos com os outros, sobre a ganância e o interesse que coloca o dinheiro acima da amizade ou da família। É também interessante a relação cúmplice e despreocupada do treinador e seu ex-boxeador interpretado por Morgan Freeman, uma relação que parece ser muito simples, mas que na verdade é tão profunda que o diálogo deles é banal porque suas questões mais íntimas são muito bem conhecidas por ambos. Cada um sabe como o outro se sente em relação aos fatos que mais marcaram suas vidas.Até mesmo um tema polêmico e delicado como a eutanásia é discutido no filme, de forma rápida, mas intensamente. A aflição angustiante de ver uma pessoa amada sofrendo por não poder levar uma vida normal; de vê-la deteriorar-se cada vez mais sem poder aliviar seu sofrimento, leva-nos a refletir sobre a quem cabe a decisão de sua morte: se aos homens ou a Deus, para os que nele acreditam.O filme, apesar de ser um drama, é bem humorado do início ao fim. Não conta só a história de uma lutadora de box, mas, como o próprio diretor afirmou numa entrevista, fala da precariedade da vida e dos sentimentos humanos.Excelente e dedicado diretor, Clint cuidou até mesmo da trilha sonora, que é discreta, mas atuante e elegantemente distribuída. Delegou a Morgan Freeman (ator coadjuvante) a tarefa de narrar o filme; incumbência que ele executou com autoridade.Assim como seu filme anterior, o drama Sobre meninos e lobos – título original: Mystic River (que ganhou dois Oscar; melhor ator para Sean Penn e melhor ator coadjuvante para Tim Robbins) Menina de Ouro também trata da complicada relação entre pais e filhos. A atriz principal, Hillary Swank, não poderia ter sido melhor escolhida. Sua atuação em Meninos não choram – título original: Boys don´t cry – não deixa dúvidas quanto ao seu grande talento como atriz. Ela preparou-se física e tecnicamente para interpretar a boxeadora Maggie Fritzgerald, a obstinada menina de ouro.Por tudo isso, seu brilhantismo de atuações, seu dinamismo que surpreende o público, seu bom humor e sua direção impecável, Menina de ouro é um filme que merece ser visto e revisto. Deve ser discutido para que reflitamos sobre nós mesmos como seres humanos e sobre o papel que desempenhamos nas nossas famílias e na sociedade.

@!ine Vitóri@