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Chore, você está na Bahia

É com grande pesar que inicio este pequeno texto sobre a minha, não tão amada quanto gostaria, Salvador, minha cidade natal. Corrigi a frase: "Sorria, você está na Bahia", que pode ser lida logo na entrada do Elevador Lacerda, para ficar de acordo com o que se encontra ao atravessar as portas do elevador e chegar à cidade baixa. 
Pessoas morando na rua, crianças abandonadas transformando-se em criminosos diante dos nossos olhos, pontos de ônibus lotados, mendigos, pessoas mal-educadas e um comércio semi-decadente.
Diante disso, eu me pergunto: O que há para fazer sorrir?
Hoje, precisei ir ao centro e fiquei muito triste com o que vi. Um garoto franzino de cerca de 12 anos de idade, negro, com o corpo cheio de cicatrizes e sujo, estava incomodando os usuários. Xingando e ameaçando agredir as pessoas, foi repreendido por um policial militar alto e forte, muito maior que ele e que prometeu-lhe uma surra logo que possível, longe dos olhares alheios.
Ficou claro para mim que aquele menino estava dando à sociedade exatamente o que a sociedade deu à ele: ódio. 
Com a ameaça do policial, ele se afastou e começou a dizer q iria esfaquear um turista, que ele era "de menor" e não iria para a cadeia. 
Ele foi ameaçado pelo policial, mas não podia revidar nele, então um turista seria um alvo mais fácil. Com seu corpo franzino e uma faca na mão, seria capaz de ferir, ou mesmo de matar alguém desavisado.
Fiquei triste não só pelo que vi, mas por saber que não posso fazer nada para mudar a vida daquele garoto. Não posso pegá-lo pela mão e levá-lo para casa, dar-lhe abrigo, educação, saúde e dizer-lhe que ele não precisa dar o mesmo que recebia.
Alguns riram das palavras dele, sem saber que aqueles risos, mais tarde, poderão se converter em lágrimas, pois aquele garoto vai crescer, virar um homem violento e cheio de ódio e que será capaz dos atos mais terríveis.
Cenas assim são, infelizmente, comuns no cenrto de Salvador. Há pessoas loucas, usuários de drogas, mendigos e uma infinidade de coisas bizarras que nos fazem pensar nos estranhos contrastes de uma cidade que tem casarões antigos caindo aos pedaços ao lado de predios luxuosos, avenidas onde passam dezenas de carros importados a cada dezenas de minutos, em cujos viadutos dormem adultos e crianças e condomínios modernos ao lado de avenidas de casas onde se passa esgoto a céu aberto.
As mesmas pessoas que se queixam de falta de dinheiro, não conseguem passar um final de semana sem requebrar ao som do pagode com um copo de cerveja na mão. Os mesmos que criticam os curruptos, recorrem ao "jeitinho brasileiro" todos os dias para tirar vantagem de alguma coisa.
E depois ainda tem uns idiotas que criticam os que saem daqui em busca de coisa melhor, ou os que não defendem a terra natal a todo custo, tapando os olhos para os "defeitos" e absurdos que acontecem aqui.
Eu conheço muita gente que diz ter orgulho de ser baiano, mas eu, infelizmente, ainda não vi motivo para sentir esse orgulho. Até gostaria de sentir. Deve ser uma sensação boa, mas...
Quem sabe daqui a alguns anos... espero que sim.

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