O Clone

     Essa é a minha primeira postagem sobre novela e é bem possível que seja a última por dois motivos: um, o blog se destina a discutir cinema e literatura e no que diz respeito a cinema, já abri exceção para séries de TV. O outro motivo, é que novela, apesar de ser uma história como outras tantas, só que mais longa, tem um formato que não faz com que seja digna de discussão. Hoje em dia, as novelas são todas idiotas e usadas para vender produtos através de propagandas que antes apareciam nos intervalos e agora, faz parte até do contexto da trama.

     Enfim, a novela em questão é "O Clone", que completou 10 anos e está sendo exibida novamente pela Rede Globo. Os motivos que me levaram a privilegiá-la são muitos: A trilha sonora é fantástica, tanto nacional quanto internacional; a novela expõe uma cultura riquíssima que é a do povo marroquino, ainda que tenha algumas discrepâncias, faz-nos pensar sobre o ser humano de uma forma geral, suas paixões, suas crenças, seu ego. Toca em assuntos tabus como clonagem e uso de drogas, presta um serviço social quando expõe as dores e tragédias dos dependentes químicos da vida real, e o melhor motivo de todos: foi a única novela que me fez ter vontade de assistir novamente.

     Além de todos os motivos elencados, exsitem outros como o caráter filosófico das falas de diversos personagens como Lucas e Lobato. Um destaque especial para este último, pois cita maravilhosamente Fernando Pessoa em diversas falas e interpreta seu personagem com uma paixão contagiante. Hoje assisti a um capítulo em que ele cita Álvaro de Campos num dos meus poemas preferidos. Postá-lo-ei logo acima para que todos disfrutem da verve de Álvaro de Campos e saibam do que estou falando. E aos que já conhecem, sempre vale à pena ler de novo, não é mesmo?

     Não sou fã da Rede globo, mas devo dar os parabéns a ela, Jayme Monjardim, Glória Perez e, claro, todos os atores. A única ressalva que faço, vai para o final da novela que decepcionou com cenas fantasiosas. Não havia necessidade de envolver personagens nos delírios da personagem Nazira. Bastava que aquelas cenas se passsassem apenas na imaginação dela. Teria mais lógica. Também não gostei do excessso de artistas que apareciam na trama, descaracterizando a mesma e fazendo com que alguns deles ficassem ridicularizados, já que muitos atores e figurantes nem conheciam as letras das músicas e se limitavam a mexer os lábios de forma tosca.
     No mais, a novela é, de longe, a melhor que já assisti e está recomendada.