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Floresta Brasil

 Aquela era a floresta tropical mais rica de todas. Possuía a maior biodiversidade e as condições ideais para criar e abrigar as mais diversas espécies de vida selvagem daquele tipo de ambiente. Como toda floresta tropical, possuía diversas camadas e altos índices de evapotranspiração, mas aquela era a maior e mais abundante em recursos hídricos e minerais. Por tudo isso, era de se estranhar que algumas espécies estivessem desaparecendo e não só de animais, mas de plantas e insetos também. Até as chuvas estavam mais escassas e os rios, menos volumosos ou mesmo poluídos. Alguns animais, como pequenos primatas e algumas araras, atribuíam aqueles fenômenos ao deus de todos os animais. Acreditavam que deus estava fazendo aquilo como forma de punição ou de aprendizado. Outros animais, como as corujas e os jabutis, pensavam diferente. Para estes, tudo aquilo era culpa dos próprios animais, que já não respeitavam as leis da floresta, desperdiçando recursos valiosos e aniquilando os animais que julgavam inferiores. De qualquer modo, o fato é que a floresta estava se deteriorando, estava morrendo.

Tudo começou quando os animais das camadas mais baixas passaram a frequentar outros ambientes da floresta. Os jabutis ainda caminhavam pelo chão e na lama, mas de vez em quando subia numa pedra alta para admirar um pouco a paisagem da sua bela floresta, que só via de baixo. Era tão fascinante aquela nova visão, que muitos jabutis passaram a subir nas pedras para contemplá-la também, observando o cair das folhas, o chacoalhar das árvores e a dança inebriante dos insetos voadores. Porém, os sapos, as cobras, os lagartos e outros animais que também costumavam subir naquelas pedras ficaram incomodados com a presença cada vez mais frequente dos jabutis por ali.

Em toda a floresta havia conflitos daquela natureza e a cadeia alimentar passou a ficar confusa, pois animais que eram consumidores primários queriam se alimentar dos que estavam acima deles. Outros papéis também pareciam se inverter, como ratos planejando comer as cobras, por exemplo. Um desses ratos era o rato arborícola Jamé.

Jamé era um rato comum, de pouca inteligência, mas grande ambição e, por ser um rato que vivia nas árvores, se achava superior aos outros e digno de estar muito mais acima na cadeia alimentar. Acreditava inclusive que poderia conviver

com cobras e raposas de igual para igual, afinal, conseguia manter amizade com algumas delas. No entanto, o que Jamé não sabia é que as cobras tinham um plano para acabar com os “privilégios” dos animais das camadas inferiores e que, para isso, precisavam dele.

Assim, as cobras encontraram apoio para o seu plano nos pequenos primatas, nas araras, nas raposas e em outros poucos animais que pensavam como elas. Eram poucos, na verdade, mas quando se uniam, macacos e araras principalmente, conseguiam fazer muito barulho e incomodavam a todos. Nessas gritarias, o pouco que se podia entender dos desejos dos manifestantes é que queriam mais ordem na floresta e que os animais de baixo continuassem embaixo e que os de cima tivessem o direito de matar os que queriam alcançar os lugares que consideravam seus. Se quisessem estar onde o rato Jamé se encontrava, deveriam evoluir ou merecer, sendo subservientes aos que lá já viviam por direito “divino”. Quando indagados sobre como ocorreria essa ascensão, os manifestantes pouco sabiam explicar sobre seus próprios planos e se limitavam a dizer que ficassem cada um no seu lugar até serem autorizados a subir.

Não demorou para que muitos animais quisessem ser como o rato Jamé, um animal que por natureza deveria viver em tocas no chão, mas que estava no topo das árvores. Queriam o direito legítimo de alcançar todas as camadas da floresta que pudessem sem morrer tentando, como já estava acontecendo com muitos animais.

As corujas e os jabutis lideraram muitas outras espécies de animais numa ação pacífica contra os ideais do chamado “grupo Jamé”, mas foram massacrados pelas artimanhas das cobras e das araras. As cobras usavam as araras para espalharem boatos pela floresta, dizendo que os jabutis tinham matado ovos de lagartos para inflamarem os ânimos e fazer com que estes fizessem o mesmo com os ovos dos jabutis. Diziam que as corujas estavam caçando cobras por esporte e que outros animais estavam destruindo ovos de passarinhos e outras infâmias de igual asco.

Os boatos destruíram a fauna da floresta em pouco tempo. Animais não mais matavam para comer, mas movidos pelo ódio e pelo sentimento de uma vingança que era fruto de mentiras. O ecossistema ficou desequilibrado. E essa situação se manteve por um certo tempo e com menos pássaros, mais insetos se proliferavam,

menos árvores nasciam e até as nascentes dos rios ficaram comprometidas com o excesso de carniça em seu leito. A floresta estava morrendo.

Jamé observara tudo aquilo extasiado. Compartilhava profundamente daquele sentimento que as cobras tinham por toda aquela desgraça. O chamado “grupo Jamé” havia alcançado seu objetivo, mas já não estava tão unido assim. As cobras estavam contentes com o trabalho que fizeram, mas não consideravam Jamé como um igual. Ele era tão perverso quanto elas, mas não tão inteligente. Era hora de livrar-se dele.

Os macacos já não sabiam mais o que pensar e muitos acreditavam que aqueles planos tinham ido longe demais. As araras já haviam quase todas abandonado o grupo, pois foram também muito prejudicadas naquela guerra estúpida, tendo perdido muitos ovos e muitos amigos. O grupo estava realmente esfacelado, mas o objetivo das cobras havia sido alcançado e agora era a hora de livrar-se de Jamé, pois além de ignorante ele era um rato extremamente irritante. O seu puxa-saquismo enojava até a mais vaidosa das cobras.

E foi num belo dia de sol que Jamé finalmente encontrou seu destino na boca da mesma cobra que lhe prometeu um lugar entre elas. Ele deu sorte, pois sua morte foi rápida, diferente de muitos outros animais que morreram esmagados entre os dentes dos jacarés ou dos que foram arremessados das árvores pelos macacos.

Agora, com recursos cada vez mais escassos, as cobras passam também a se alimentar daqueles que antes eram seus aliados e passam a sentir também as consequências dos seus atos malignos. No entanto, elas não se arrependem. Acreditam que foi tudo necessário e que a floresta deve permanecer assim para que elas não percam nem um centímetro do seu território ou dos seus privilégios. Preferem viver num ambiente destruído a ver outros animais usufruindo dele porque, ao que parece, essa é a sua natureza.

Why Women Kill - Série Por que as Mulheres Matam.

Trailer de POSE



Sobre a série Pose

      Pose é aquela série que não parece com nada do que você já viu, mas é uma mistura de um monte de coisa que nos soa familiar. Faz sentido? Então, imagine uma série que tem pitadas de dramas familiares, um pouco de comédia e um toque de RuPaul. Tudo isso com muito brilho e glamour, é claro. Mas antes de tudo, POSE é sobre aceitação, amor, solidariedade e empoderamento de menorias.

 


    É mais uma daquelas séries que quando você assiste se pergunta por que demorou tanto para começar a assistir. A trama de Pose não vai te fazer desgrudar da TV. Você sempre vai querer saber o que vai acontecer com cada personagem. Incrível como nos importamos com todos. Até os que nos causam raiva.

     A história se  passa na Nova York do final dos anos 80 (primeira temporada) e início dos anos 90 (segunda temporada) e tem como protagonistas um grupo seleto de pessoas LGBT´s, negras em sua maioria. A série joga luz sobre como era a vida dessas pessoas naquele lugar numa época em que a AIDS era conhecida como a doença dos gays. Na trama somos levados a experimentar a vida real delas, sem estereótipos ou estigmas, uma vez que vemos tudo do ponto de vista delas e não de alguém que está de fora julgando sem as conhecer.


    Como pessoa negra, como mulher, ou como LGBTQIA+ não tem como não chorar, sentir, sofrer e se regozijar junto com eles, mas não precisa ser nenhuma dessas pessoas para se emocionar com a série. A direção é magnífica e as interpretações, fantásticas. 


     Na segunda temporada, algumas coisa mudaram. Umas eu gostei, outras não. O que gostei foram as frases inseridas nos finais dos episódios, ditas por pessoas que assumiam as causas das menorias na época. Acho que faltou isso na primeira temporada. A série é real demais para deixar de fora fatos históricos importantes, como, por exemplo, o fato de Madonna ter abraçado a causa na época.

    O que não gostei foram as tomadas extensas de canções. na primeira temporada não teve nenhum personagem cantando, ainda que eles tenham talento para isso. A música em si não é ruim e mostrar que essas pessoas talentosas também cantam é  válido, mas as músicas tomaram muito espaço dos episódios e os deixaram cansativos. Acho que essas tomadas deveriam ser menores e menos recorrentes.

    De resto está tudo ok e continuo a torcer pelos personagens tão cativantes e motivadores. Mostra como é sofrida a vida dessas pessoas numa sociedade machista, hipócrita e tóxica. O triste é perceber que em 2021 essas ainda são as pessoas que precisam resistir para existir o tempo todo. Ainda estão à margem da sociedade, recebendo o desdém de quem não precisa se preocupar com os dedos que a sociedade lhes aponta todos os dias.


Recomendadíssima!

 

 

Como chegamos até aqui?


            Esse blog é sobre cinema e literatura, mas de vez em quando eu peço licença para tratar de outros assuntos relevantes para a nossa sociedade e hoje é mais um desses dias.



 Como chegamos até aqui?



            É uma pergunta que temos nos feito bastante ultimamente. Na verdade, a pergunta é tardia, uma vez que o estado em que estamos não se apresentou a nós “da noite para o dia”. Houve sinais. Muitos sinais. E eles vieram de diversos lugares e épocas.

            O lugar onde estamos, em maio de 2020, de descaso com a saúde da população, de desdém com as vidas perdidas, de negação da realidade, de desprezo pela ciência e de alienação foi construído há poucos anos com a propagação de ideias obscurantistas através das redes sociais. Pessoas mal intencionadas e pessoas que foram manipuladas foram as responsáveis por essa propagação. Ideias de negação da ciência, terraplanismo, movimentos antivacina, xenófobos e contra o isolamento em época de pandemia têm ganhado força através dessas pessoas. Ideias perigosas, que agora mostram que podem custar vidas, não só as vidas dos que foram propagadores, mas também, as daqueles quem nem mesmo tiveram acesso às redes sociais.

            Assim, as redes sociais desempenharam um papel maléfico, mostrando que o nosso Black Mirror pode ser tão cruel quanto o da ficção. Entretanto, não podemos culpar o instrumento pela obra feita, do mesmo modo como não podemos dar crédito ao pincel que pintou a Monalisa. Que o crédito seja atribuído ao “artista”, e não ao instrumento usado por ele. As redes sociais foram usadas por pessoas ao mesmo tempo em que pessoas foram, e ainda são, usadas por elas. Muitas se deixaram usar, de fato, por preguiça, uma vez que preferiram acreditar em tudo o que lhe chegava por aquele meio. Tudo vinha pronto e, muitas vezes, de acordo com a ideologia do destinatário, o que facilitava não só a recepção da mensagem como o seu compartilhamento. Às vezes não era por preguiça, mas por falta de tempo. Tempo para refletir sobre aquilo que recebia ou sobre a sua fonte. Muitos de nós estávamos sobrecarregados de trabalho e afazeres e não tinha tempo para pesquisas ou reflexões.

             Em 2018, na época das eleições, máquinas de criar mentiras ganharam força e trabalharam de forma incessante para colocar no poder o pior de todos os candidatos que ali se apresentavam. Junto a isso, é claro, tinha um ódio a um partido de esquerda cujo possível candidato seria provavelmente eleito se estivesse no páreo.

            O ódio ao PT foi só uma parte da manipulação das redes que favoreceu o pior dos candidatos, mas também, foi o detalhe decisivo para a sua vitória.

            O mensalão foi o ponto de partida e a lava jato veio para arrematar o destino trágico da reputação do ex-presidente Lula e do Partido dos Trabalhadores. A forma como os oportunistas usaram esses acontecimentos fez com que as pessoas esquecessem (ou negassem) que o Brasil tem histórico de corrupção que data da época da colonização. Fez parecer também que só no PT existia corrupção. Esse conjunto de coisas, aliado a outros fatores como a crise econômica, os problemas políticos com a então presidenta Dilma, a insatisfação da população com a situação do país e, por fim, a facada que transformou em vítima um fascista foi responsável pelo estado em que nos encontramos hoje.

            Quem não sabia quem era o dito cujo, hoje se arrepende do voto que deu. Quem sabia e votou justamente por ele ser o que é, se mantém firme no apoio e aqueles que não votaram, carregam o fardo de sofrer as consequências da escolha dos outros.

            Hoje assistimos a uma onda de arrependidos, famosos e anônimos, todos horrorizados com o que aí se apresenta. Esse arrependimento começou tímido, lá no início de 2019, quando as falas do então presidente eram contra direitos trabalhistas, contra a imprensa ou às minorias. Foi aumentando com os pronunciamentos estapafúrdios e as postagens grotescas, que iam desde pessoas urinando nas outras na rua para desqualificar o carnaval, até a desqualificação dos outros poderes da União.

            Quando se digitava no Google “pior presidente do mundo”, lá estava ele. Uma reportagem da Folha de São Paulo de novembro de 2019 apontou que o então presidente dava uma declaração falsa a cada 4 dias, o que demonstra uma certa compulsão por mentir, mas ele seguiu governando.

            O tal arrependimento dos eleitores chegou a níveis altos quando o ministro da saúde escolhido por ele foi demitido por seguir um critério técnico e se posicionar a favor da vida, ganhando, inclusive, mais popularidade que o próprio presidente e pareceu atingir o cume com a saída daquele que simbolizava, para seus eleitores, a moralidade e a ética no governo: o então Ministro da Justiça Sérgio Moro. Mas aquele não foi o cume. Foi um golpe na reputação que resultou em demandada de apoiadores, mas ele segue governando. O “cristão” que diz “E daí?” para milhares de mortos do país que governa. Esse tal cume parecia tão perto... principalmente depois da sua participação em movimentos antidemocráticos, em que se pedia AI5 e intervenção militar. Movimentos esses que pareciam ter o mesmo patrocinador, dadas as características semelhantes nas barracas, faixas e apetrechos utilizados. Dezenas de pedidos de impeachment* se amontoam na mesa do presidente da Câmara dos Deputados enquanto que, em outra esfera de poder, corre processo para apurar possíveis crimes de responsabilidade do então presidente da república, e esse cume não chega.

            Repetidamente, o então presidente da república faz declarações polêmicas, vergonhosas, vexatórias e desrespeitosas que vem, horas ou dias depois, acompanhadas de notas e mais notas de repúdio de diversas autoridades e personalidades do país, mas que, na prática, nada resolvem. E nós, cidadãos, meros mortais, nada podemos fazer a não ser assistirmos indignados a essas coisas, principalmente agora, num momento em que não podemos ir às ruas nos manifestarmos. Mas, e se pudéssemos? Iríamos? Estaríamos nós cansados demais? Envergonhados demais?

            Essa semana o youtuber Felipe Neto se manifestou nas redes com relação aos influenciadores que não se posicionam contra esse governo autoritário, irresponsável e desrespeitoso por medo de perder seguidores. Felipe lança um desafio a todos aqueles que são a favor da democracia, da liberdade de expressão e de um país livre de ideias fascistas e afirma que aqueles que se calam nesse momento, consentem com o que está posto. “Quem lava as mãos agora, o faz com sangue”, como disse o ator Lima Duarte sobre o suicídio do seu colega, o ator Flávio Migliaccio, que estava horrorizado com os rumos que o país tomou.

            Assim, este texto é a minha contribuição para esse momento que estamos vivendo. Nesse mundo digital, meu blog é apenas um palito de fósforo no meio de tantas velas e lanternas, mas isso não torna a minha contribuição menor.

            Nenhuma ideologia deve estar acima do bom senso, do respeito ao outro ou da democracia. Se essa ideologia é contra tudo isso, então ela não vale a pena, principalmente para aqueles que são cristãos, mas cristão de fato e não de discurso.

*Digite essa palavra no Google e veja que imagens aparecem.


Fontes utilizadas:














Alguns canais do YouTube que possuem informações de qualidade:
Prazer, Karnal!
Henry Bugalho
Meteoro Brasil
Gabi Oliveira
Atila Iamarino
MyNews
Manual do Mundo
Pula Muralha
Tempero Drag

Mais um texto para a sua diversão!


A psicologia das buchas e dos barris


            Há três tipos de homem na face da terra, mas esse texto tratará apenas de dois: os do tipo “buchas” e os “barris”, e nos basearemos no depoimento de uma vítima sobrevivente da explosão de um barril com o qual se relacionara, após livrar-se de uma bucha. Os homens do tipo “bucha” nunca tomam a iniciativa e raramente dirigem-se diretamente às criaturas desejadas, limitando-se apenas a trocar tímidos olhares com estas. Em geral só agem sobre pressão, o que explica a existência da expressão “em cima da bucha”.
            “Bucha”, de um modo geral, não tem lá uma serventia expressiva. Segundo os dicionários, podem ser: 1. pedaço de pano ou papel usado para apertar a carga de antigas armas de fogo (o que reforça uma antiga teoria de que as buchas ajudam os barris e que eles cooperam entre si e se ajudam mutuamente); 2. bocado de comida que se leva à boca (ou seja, serve até para matar a fome, mas depois vira merda); 3. qualquer peça usada para tapar fendas ou buracos (estes últimos provavelmente feitos por barris); 4. peça de plástico usada em parede para conter parafuso (as buchas sempre são usadas, nunca usam); e 5. peça do balão à qual se ateia fogo. Enfim, as utilidades das buchas são tão insignificantes quanto suas existências.
            Os homens do tipo bucha seguem à risca a filosofia de vida das lesmas: “devagar e sempre”. Até porque, os vence o medo de alcançar o que desejam. Já os barris se lançam imediatamente, como mísseis teleguiados, assim que localizam um alvo. São em geral bonitos, egocêntricos, tarados (mas podem ser tudo isso junto e muito mais!). Estão sempre acesos e prestes a explodirem na pacata e pouco emocionante vida dos alvos. Esses tipos são nitroglicerina pura e causam estragos devastadores na vida dos pobres alvos civis inocentes.
            Nessa “guerra fria”, onde um atua como uma espécie de “terrorista disfarçado” e o outro não faz nada (as buchas são de todo inúteis) os alvos, que são femininos, inocentes e belos, ficam perdidos; sem saber para onde correr ou de quem correr. Nem mesmo o abrigo seguro que é a casa dos pais é um esconderijo confiável para os alvos se abrigarem, pois os barris às vezes se disfarçam de “buchas intrépidas” e vão dentro dos lares buscar, atiçar e seduzir os pobres alvos.
            Às vezes acontece de os barris receberem alcunhas tais como: canalhas, cafajestes, pilantras e outros termos semelhantes, mas nenhum deles é capaz de traduzir realmente o nível bombástico, explosivo e catastrófico em que se encontram. Nível em que TNT´s não passam de meros palitos de fósforos. Esqueçam Sodoma e Gomorra. O poder de destruição de um “homem barril” é maior do que qualquer arma nuclear que Einstein tenha idealizado.
            As buchas possuem um gosto fortíssimo de NADA e os barris têm um gostinho todo especial de pólvora seca, daquelas que são altamente inflamáveis. E o que leva as mulheres a experimentarem os barris é justamente a insipidez das buchas. Certo estudo revelou que os barris são amantes excelentes –– algumas espécies raríssimas de buchas também são (algo entre um em um milhão) –– e possuem um dom, ainda inominado, que está classificado entre o cinismo e a persuasão, o que faz com que as mulheres tenham dificuldades para deportarem seus barris. Se bem que “seus” aí é força de expressão porque na verdade ninguém possui um barril. Ele é que possui a vítima, explode e cai fora.
            A questão da inteligência pouco tem a ver com o perfil do homem. No entanto, tem se verificado um nível intelectual mais elevado entre as buchas, isso é claramente percebido em seus perfis, ao contrário dos barris, sempre explosivos e avessos ao diálogo. Ou partem para a briga, ou partem para a cama. Em qualquer caso, tudo acaba em desastre.
            Desde tempos mais remotos, comenta-se um mito de que existe uma espécie raríssima de homem: o “bucha-barril”, ou “bb”, que seria uma mistura dos dois tipos conhecidos. Porém, na verdade o que acontece é que os barris se disfarçam de buchas para alcançar mais facilmente os alvos (algo como um lobo na pele de cordeiro). Assim, o barril disfarçado de bucha instala-se e explode quando a vítima menos espera. Esse disfarce é bem pertinente se levarmos em conta uma das cinco definições de bucha: “peça à qual se ateia fogo”. Esse tipo seria um barril com pavio, portanto, um barril que tarda a explodir, mas fatalmente explode; afinal, é barril.
            Há mulheres que dão às buchas outras definições e seguem à risca o uso deste tipo de homem: “qualquer pedaço de pano ou papel para se tapar buracos”. Ou seja: o barril arromba e a bucha tapa. O problema vem se a bucha virar barril. É raro, mas acontece.
            Os barris fogem a todo custo de serem apreendidos e os que são podem não explodir, a depender do tipo de mulher que o conseguir confiscar. Assim, eles ficam envelhecidos, perdendo ao longo dos anos sua pólvora pelas rachaduras, fendas e orifícios, até que não representem mais perigo aos alvos que, agora se tornaram algozes e eles, vítimas. Portanto, há casos pouco comuns em que barris não explodem. Porém, eles nunca viram bucha. Não dá! Para tornarem-se buchas os barris teriam que se submeterem a tratamentos radicais –– tipo eletrochoques. Uma vez barril, sempre barril!
            Há casos muito corriqueiros em que o barril passa rapidamente pela vida do alvo, mas explode duas vezes. Como isso é possível? Ele explode e deixa para trás um barrilzinho que, em geral, explode em aproximadamente nove meses. Esse tipo de barril deixa seqüelas para toda a vida. Sim, porque depois que explode o barrilzinho exige da vítima tudo o que necessita para o seu desenvolvimento pós-explosão: leite, fraldas, remédios, escola etc. E aí se verifica algo interessante: a “Síndrome de Estocolmo” porque a vítima se apega a ele de forma incrivelmente intensa, mesmo estando em estado lastimável após a explosão. O parto por si só já transforma o alvo em destroços, mas se este já tiver sido vítima de um barril então...
            Está provado então, que dos dois tipos de homem que existe (buchas e barris) o primeiro tem efeito nulo, ou efeito nenhum, e o segundo tem efeito explosivamente devastador; imediato ou retardado; até mesmo duplo, no caso em que o barril “dá frutos”.
As mulheres que se cuidem! Pois continuam sendo alvo dos barris e dos desvios das buchas, já que o terceiro tipo existe em um percentual muito pequeno. Assim, elas ficam sem opções dignas a escolher e correndo o sério risco de ficarem para titias, o que vem a explicar o grandessíssimo número de tias existentes no mundo.







Conto "As justiceiras"


Segue um dos meus contos para ajudar a passar o tempo!
Alerto que tem altas doses de ironia, hein? Boa diversão!



As justiceiras


Preocupadas com a condição da mulher na sociedade brasileira do século XXI, algumas mulheres (três loucas) decidiram formar um grupo vingador para punir os homens safados e os machistas convictos cujo nome seria “As justiceiras”.
            A proposta inicial foi a de receber queixas e denúncias anônimas de mulheres infelizes e padecentes que estão, de alguma forma, presas a determinados tipos de homens (uma espécie que as justiceiras pretendiam por em extinção. A espécie dos cretinos).
A partir da denúncia, haveria uma minuciosa investigação, a qual revelaria todas as possíveis (e impossíveis) armações dos ditos cujos.
            Mas aí, as meninas se empolgaram e começaram a vingar-se dos cabras, mesmo sem permissão das denunciantes. A coisa então passou a ser pessoal. E se o homem fosse gostoso então, aí ele teria que ser seduzido (de preferência pelas três para não ter confusão) a fim de se conseguir provas cabais da traição do meliante e chantageá-lo para que ele passasse a agir corretamente com a denunciante.
            O tempo passou e as meninas aprenderam Box, Karatê, Jiu Jitsu e todas as lutas marciais que conseguiam pronunciar a fim de atender a uma nova exigência do mercado: a surra no cabra. As mulheres (principalmente as casadas) solicitavam muito a surra, pois, além de ver o desgraçado todo arrebentado, ainda faziam aquele escândalo fingindo crer que aquilo era obra de alguma vagabunda ou de marido que pegou a mulher com vagabundo como ele.
            Devido ao grande número de chamadas que as justiceiras recebiam por dia, passaram a ganhar muito dinheiro e a coisa foi se modernizando e se sofisticando cada vez mais. Até invadir a Internet. Aí as mulheres ficaram sabendo sobre aquela conta com... quanto?! Sobre as páginas pornográficas visitadas constantemente, sobre os e-mails eróticos trocados com as ...anes, ...ines e ...elles da vida...
            A mão-de-obra foi se terceirizando. Devido à grandessíssima procura por surras, as meninas tiveram que terceirizá-las. Contrataram homens fortes e com intensas tendências homossexuais porque aí eles poderiam se divertir com os cabras, segundo a exigência de algumas mulheres que praticavam sexo anal somente para agradar os parceiros.
            Mas nem mesmo as justiceiras conseguiram por fim à raça dos cretinos pelos seguintes (e incríveis) motivos:

1. Os cabras que apanhavam, se faziam de vítima inocente tão bem que convenciam a maioria das suas esposas a reconsiderarem.
2. Os que apanhavam dos homens fortes e com intensas tendências homossexuais acabavam gostando do negócio e se viciavam (chegando até ao extremo de ficar “dando mole” na rua à espera de um deles).
3.Algumas mulheres abandonavam seus companheiros assim que eles se transformavam em homens razoáveis, fazendo com que os cabras voltassem a ser os mesmos safados e cretinos de antes.
            Revoltadas, as justiceiras decidiram partir para outro tipo de negócio, também muito lucrativo, e acabaram por construir uma promissora e próspera rede de motéis.